A jequiranabóia (do tupi-guarani: iakirána = "cigarra" e mbóia = "cobra"), é um inseto homóptero, como as cigarras, sendo conhecida também por cobra-voadora: sua cabeça tem aspecto que lembra a cabeça de um réptil (cobra ou jacaré), com falsos dentes.
É inofensivo, mas sua aparência deu origem a crendices. Possui uma cabeça intumescida, em forma de fava de amendoim, e quitinizada, com um tubérculo perto da base, semelhante a um grande par de olhos. Seus olhos verdadeiros são pequenos, com uma fina antena junto deles.
As asas são amareladas, pontilhadas de pardo e preto. As asas posteriores possuem grandes ocelos, lembrando grandes olhos, como nas borboletas-coruja (Caligo illioneus). Medem de 6 a 7 cm de comprimento com o dobro de envergadura. Raramente ultrapassam os 10 cm de comprimento. Quando estão de asas fechadas, a aparência na qual são associados às crenças se evidencia.
São também conhecidas por jequitiranabóia, jetiranumbóia, jitiranabóia, jiquitiranabóia, jequitirana-bóia, tirambóia, jaquiranabóia, cobra-voadora, cobra-do-ar e cobra-de-asa. Há duas espécies que são chamadas por estes nomes, a Fulgora lanternaria e a Fulgora lampetis .
Biologia
De seus ovos eclodem ninfas, que ao realizarem a última muda, fazem a metamorfose e se tornam adultos alados.
É um animal de hábitos crepusculares, voando sobre as florestas tropicais. Nas cidades, é atraída pela luminosidade das ruas, como outros insetos. Quando pousados, têm o hábito curioso de andar de lado e para trás.
Os inimigos naturais das jequiranabóias são aves (garças, corujas etc.), mamíferos (primatas e carnívoros), répteis (serpentes e lagartos) e anfíbios (sapos). Os fulgorídeos podem ser parasitados por larvas de vespas e por lagartas que vivem de forma sobre alguns insetos, alimentando-se de suas secreções.
Alimenta-se do néctar de frutas e seiva de vegetais, retirados por sucção através de seu aparelho bucal em forma de canudo.
Habitat
São comuns na América do Sul, em grande parte no território brasileiro. Podem também ser encontradas nos países da América Central, na Venezuela, Colômbia e Peru. Vivem nas florestas tropicais.
A jequiranabóia era vista com grande freqüência no interior das pequenas cidades brasileiras, mas atualmente estas observações são muito raras, pois estas e muitas outras espécies acabaram sendo confinadas em determinadas regiões. Este confinamento é resultado da devastação, da caça predatória (tráfico de animais) e da poluição, que estão a cada dia mais intensas, exaurindo a biodiversidade de nosso planeta.
Curiosidades
É considerada um exemplo significativo do folclore brasileiro.
A possível bioluminescência que deu origem ao nome "lanternaria" (lanterna), ainda continua sem confirmação. Acredita-se que este fenômeno origine-se de bactérias fotogênicas que se desenvolveriam sobre a cabeça dos exemplares.
Em algumas comunidades e aldeias indígenas existe até hoje o mito da jequiranabóia. Segunda a lenda jequi, caso pouse em uma pessoa ou uma planta, esta secará completamente e definhará até à morte. A crença é originada do fato de os animais serem por vezes encontrados em troncos secos, acreditando-se que ao sugar sua seiva, levou a morte o vegetal. Na realidade a jequiranabóia é um inseto inofensivo, o contato físico com ela não causa nenhum mal. Só ocorrerá algum dano ao vegetal se o número de insetos que o sugam for muito grande e a planta já estiver debilitada.
Existe também a crença, incorreta, de que é um animal venenosíssimo, pelo fato de se assemelhar a uma serpente. Isso é ainda muito acreditado pelas pessoas que vivem nas zonas distantes das cidades e próximas a florestas.
Essas crenças e folclores fazem parte de nossa cultura e não devem ser apagadas de nossa história.
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